segunda-feira, 24 de março de 2008

Abusos Sexuais a crianças e Violência doméstica

Ultimamente, têm saído números novos acerca dos abusos sexuais a crianças, com menos de catorze anos. Estes são sem dúvida alguma alarmantes, em que uma em cada quatro raparigas é violada e um em cada sete rapazes é violado, a nível mundial. O número de queixas na polícia por suspeita de abuso sexual tem aumentado desde 2003. Contudo, podemos ver que números são números, aqui e agora interessam-nos as vítimas que, neste caso, são crianças. Estas crianças desenvolvem características próprias, como a instabilidade em relação às outras pessoas, perda de auto-estima e podem tornar-se abusadores devido ao seu trauma! É importante salientar que as crianças não apresentam queixa, ou por ser alguém da família, ou por ser próximo, ou por vergonha. Por norma, o abusador é alguém em quem a criança confia e de quem gosta. Em cerca de 70% dos casos é um familiar. Estas situações acontecem com mais frequência em famílias com baixos rendimentos.

Assim, embora possam existir fortes conflitos e sentimentos sobre o abusador, a protecção da criança deve ser a prioridade! Resta-nos zelar pela inocência das crianças, porque elas são o nosso futuro e a perda da sua inocência tem um custo demasiado elevado para elas! A questão que se coloca é: o que vamos, podemos e devemos fazer para inverter esta situação? Existe a necessidade de um acompanhamento e uma participação mais assídua das entidades responsáveis pelos direitos das crianças, que devem actuar e não aguardar que aconteça algo, porque nessa altura será tarde demais! Terá de existir maior abertura e mais informação nas escolas e na comunicação social para se alertar para o facto de este ser um problema real, ao qual o governo não dá importância.

Um outro problema real ao qual ninguém dá importância e, muitas vezes, nem quer ouvir falar é a violência doméstica, principalmente em mulheres, que, segundo a APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima), sucederam 8373 casos de violência doméstica, em 2007. Destes casos, 87% são a mulheres, a maioria casada e com filhos, empregadas e com rendimento próprio, sendo vítimas entre os 26 e 45 anos. Em 2006, para esta faixa etária registaram-se 32,7% casos, enquanto que em 2007, nas mesmas condições registaram-se 34,1%, em que 97,3% dos casos o autor do crime conhece a vítima e, na maioria dos casos, é casado com ela. A nível nacional, Viseu detém 14% dos casos de violência doméstica, ou seja, no ano passado foram 96 casos. Se virmos na população europeia, Portugal detém 73,4% dos casos de violência doméstica. O acto de violência doméstica ocorre em residência comum em cerca de 67,3% dos casos e é um acto contínuo, que pode durar vários anos. Apesar destes números, em 51% dos casos as vítimas não apresentam qualquer queixa, pelo que o número pode ser maior. Por que continuamos a fazer de conta que está tudo bem, que não existe este problema? E este governo, que diz fazer tanto pelo povo português, se olhar para as estatísticas, que tanta importância têm para o executivo, por que não promove políticas de prevenção e de justiça para com as vítimas? Neste momento, a zona de Viseu é das que tem menos serviços disponíveis para ajudar a combater este grave problema social, por que não criar mais GAV (Gabinetes de Apoio à Vítima)? Existe também o facto de que as pessoas precisam de ter o apoio legal e psicológico para se conseguirem libertar e apresentarem queixa. São necessários mais meios, seja em hospitais, centros especializados a dar ajuda às vítimas, nos centros de saúde, escolas, desde psicólogos, médicos, advogados, funcionários especializados, que trabalhem em conjunto, porque a vida destas pessoas encontra-se em risco!

O estado deve ser dinâmico e suportar muita da ajuda que deve ser dada a estas pessoas! Quantas pessoas mais terão de morrer para que se levem estes problemas tão a sério?

Joana Simões

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